quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Curioso

Quase todos os dias me aventuro no curioso e super interessante passeio nos ônibus. Esses adjetivos depois explico o 'Porquê", mas por hora irei comentar as idéias que são elaboradas em menos de 15 minutos pelas pessoas que andam comigo, ou melhor que usam o mesmo busão que eu, isso pelo fato de ser inevitável para uma pessoa não prestar atenção nas conversas inteligentes, babacas, escrotas, pornográficas, políticas e o múltiplo etc. Pelo menos eu não resisto em me debruçar a ouvi uma conversa sobre Karl Marx dentro da lotação, e tem mais, se eu não fosse tão tímido entraria sem dúvida nas conversas. Certa vez peguei o busão de volta à minha casa e durante o percurso um pouco cansado, só que bastou sentir uma voz com palavras identificando uma reflexão abstrata que esqueci o cansaço e me pus a ouvir, essa tal voz que apenas muito depois descobri a dona falava sobre o dito progresso humano, dizia não exatamente assim:"O homem está se aproximando dos fins dos tempos, é um absurdo, ele criou o clone, a inseminação artificial, e essa semana eu li q até a chuva se quer controlar, eles criaram uma maquina que junta as nuvens que estão densas e a levam para onde quiserem." Daí eu ouvi essa parte da fala e fiquei a pensar sobre isso, será que esses avanços científicos são mesmo sinais dos fins dos tempos? será que esses progressos não são a evidência que o homem pode superar o criador fazendo coisas que antes era privilégios Dele( ainda bem que a fogueira da igreja católica está extinta). Ou melhor essas experiências são peculiares ao homem, pois nós admiramos os egípcios e várias outras civilizações que fizeram se não resolver os problemas de seu tempo. A tal dona da voz por sinal era uma cristã protestante, digo isso pelo fato dela conciliar a finita sabedoria humana com a idéia de que isso vai de encontra às vontades Divinas. Outro dia eu ouvi falar de uma festa que iria ocorrer no CUCA( centro universitário de cultura e arte), eu fui no dia que a moça do ônibus tinha mencionado, só que ao chegar lá não havia festa alguma a não ser alguns moradores de rua bebendo cachaça na porta do prédio, fiquei puto da vida e meus amigos mais ainda comigo. Andar de busão é legal por isso, quando se é curioso esquece-se os problemas e vai-se analisar, ou perceber as relações humanas durantes alguns minutos durante muito tempo. Calma isso não é uma conclusão e sim um comentário. Percebo o quão é curioso são as pessoas, todos os dias pegam ônibus e com freqüência são as mesmas pessoas que estão nele em determinadas horas e o que me chama a atenção é ver que o ônibus está praticamente lotado e se percebe algumas vezes um silêncio sepulcral, como pode o pensar prevalecer a voz quando se está ao lado de um semelhante que também detém de voz e de teoricamente de pensamento? Isso ocorre devido a timidez que é peculiar a nossa sociedade ao pensamento consumista que prefere ficar olhando os acessórios das pessoas ao invés de saber e valorizar o metafísico, pensamentos que constituem o ser na sua pessoa. Meu amigo Hil (Hildeberto Neto) também já parou para observar as conversas nos coletivos, ele me disse numa oportunidade que estava indo à algum lugar de busão e ouviu dois jovens confabulando sobre a Amazônia, sobre a riqueza que lá existe e a ameaça que a rodeia. Nisso ele me passou a sua admiração por ouvir um papo tão interessante quanto a que nós costumamos travar. Esses assuntos se destacam em meio a discussões sobre as "bandas" de forro que vão tocar no fim de semana, nos comentários sobre o jogo televisionado pela globo, sobre as mulheres "gostosas" que passam pela rua( o garoto dentro do ônibus um dia falou: se eu tivesse fora eu ia perguntar o nome dela) conversas sobre capítulos de novelas, sobre os vinte e cinco processos do candidato à prefeitura, sobre o horário da prova e sobre se está atrasado para o trabalho... Os adjetivos usados inicialmente estão explícitos nessas informações, o curioso e o interessante. Curioso as atitudes das pessoas nos coletivos e o super interessante os assuntos e discussões levantadas no condutor dos trabalhadores e estudantes no cotidiano.

WLC.240908

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